
Especialistas como Jonathan Haidt, professor da New York University, e Jean Twenge, da San Diego State University, identificam o uso excessivo de smartphones e redes sociais como os principais vilões desta crise. A “Geração Z”, primeira a passar toda adolescência com dispositivos móveis, enfrenta desafios únicos: comparação social constante, exposição a vidas idealizadas online, cyberbullying e privação de sono causada pela luz azul das telas.
Haidt descreve este fenômeno como “A Grande Reconfiguração”, onde o tempo antes dedicado a brincadeiras ao ar livre e interações presenciais foi substituído por horas em ambientes virtuais. O problema é agravado por dois fatores simultâneos: superproteção no mundo real (diminuição de brincadeiras livres sem supervisão) e falta de proteção no mundo virtual.
A ansiedade, que evolutivamente servia como mecanismo de defesa, transformou-se em barreira para o desenvolvimento saudável. O fenômeno FOMO (medo de ficar de fora) e a necessidade constante de validação online mantêm os jovens em estado de alerta permanente.
Em resposta, governos estão implementando restrições. O Brasil sancionou a Lei 15.100/25, proibindo celulares nas escolas. Na Flórida, menores de 14 anos não podem criar contas em redes sociais, enquanto a Austrália elevou a idade mínima para 16 anos.
Especialistas recomendam uma abordagem multifacetada: educação digital consciente, políticas públicas para saúde mental, e maior envolvimento dos pais, que devem limitar seu próprio uso de tecnologia e criar ambientes seguros de desconexão. O desafio é encontrar equilíbrio que permita aproveitar os benefícios da tecnologia sem comprometer a saúde mental das novas gerações.