1. Aproveitando a COVID-19: Estratégias Oportunistas no Brasil
Durante a pandemia, as marcas de álcool brasileiras adaptaram rapidamente suas campanhas para explorar o medo, o isolamento e a necessidade de “conforto”. Exemplos incluem:
- Delivery como “Solução Essencial”: Empresas como Ambev e Heineken promoveram entregas em domicílio com hashtags como #FiqueEmCasaComSkol, incentivando o estoque de bebidas.
- Memes e Humor Sombrio: Posts associaram consumo excessivo a alívio do estresse, como imagens de pais “sobrevivendo” ao homeschooling com taças de vinho.
- Falsa Solidariedade: Campanhas como “Doe uma Cerveja” mascaravam promoção de vendas sob a desculpa de ajudar bares fechados, sem impacto real na renda dos estabelecimentos.
2. Influenciadores Digitais: Promoção Disfarçada
Marcas contratam influenciadores populares entre jovens para normalizar o consumo de forma sutil:
- Exemplo 1: Celebridades como Whindersson Nunes ou Luísa Sonza postam stories em festas com drinks, sem declarar patrocínio.
- Exemplo 2: Influenciadores fitness promovem “drinks saudáveis” (como cerveja low-carb), vinculando álcool a estilos de vida equilibrados.
- Dados: Estudo da ProTeste revelou que 68% dos influenciadores brasileiros não identificam parcerias com marcas de álcool, violando o Código de Defesa do Consumidor.
3. Conteúdo Gerado por Usuários: A Armadilha do “Faça Você Mesmo”
As marcas estimulam fãs a criar conteúdo promocional gratuitamente:
- Hashtags Enganosas: Campanhas como #VerãoNaQuarentena (da Brahma) incentivaram jovens a postar fotos bebendo em casa, expondo menores de idade.
- Competições de Vídeo: A Skol promoveu desafios no TikTok com premiações, usando coreografias e músicas que associam álcool a diversão, mesmo durante lockdowns.
- Riscos: Conteúdo orgânico de usuários burla leis publicitárias, mostrando consumo excessivo ou situações ilegais (ex.: dirigir após beber).
4. Estratégias para Combater o Marketing Oportunista
Para Famílias
- Monitore Hashtags: Alertar jovens sobre campanhas como #HappyHourEmCasa, que disfarçam publicidade.
- Denuncie ao CONAR: Use o formulário online para reportar posts que incentivem consumo por menores.
Para Políticas Públicas
- Regulamentação de Influenciadores: Exigir identificação clara de parcerias (#Publi ou #Ad).
- Restrições a Delivery: Limitar horários e quantidade de álcool vendido online, como proposto no PL 3.723/2023.
Conclusão
A pandemia escancarou como a indústria do álcool usa crises para lucrar, manipulando vulnerabilidades emocionais e brechas digitais. No Brasil, onde 45% dos jovens aumentaram o consumo durante a quarentena (dados da Fiocruz), é urgente combater essas táticas com educação midiática e leis rigorosas.
Palavras-Chave:
marketing de álcool na pandemia, influenciadores e álcool, publicidade enganosa Brasil, consumo juvenil COVID-19.
Para Saber Mais:
- Campanha #MenosBláBláBlá do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).
- Documentário “Alcoolismo Invisível” (GloboPlay) sobre o impacto do marketing digital.